quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Cap 8 - A gift or a curse

Entramos na casa, ela parecia uma casa normal, mas quando passei perto do quarto onde vivia Tabatha e senti um calafrio, um cheiro de sangue me envolvia, como uma névoa. O lugar era estranho, várias fotos da família, mas nenhuma com o marido procurei em toda parte, mas nada, apenas fotos das três.
Ela me ajudou a sentar, minha perna não doía mais, mas fingia a dor para continuar a procurar qualquer coisa, apenas uma prova já seria o bastante, ela tratava da minha perna machucada como uma medica, ela estava quase terminando de enfaixar minha perna quando decidi falar alguma coisa.
— Obrigado por me ajudar.
— Não tem de que garoto — sua voz me arrepiava, era muito fina — meu nome é Marlene, e o seu?
— Cornélio — menti.
— Ok Cornélio, você quer alguma coisa para beber? — ela parecia acreditar — leite quente, café, água?
— Só água está bom.
Ela se virou e foi em direção a cozinha, sabia que aquela era minha chance, fui em direção a porta onde eu vira a irmã da Tabatha, mas ela estava trancada, a chave se encontrava do outro lado da sala. Tentando ser o mais silencioso possível, fui em direção a chave, uma voz ao fundo cantarolava uma bela musica de melodia simples, mas muito bonita. Ignorei a canção e peguei a chave, comecei a voltar para a porta quando ouvi o barulho de passos vindo em minha direção, fui rápido e sentei na cadeira, como se nada estivesse acontecendo, à medida que ela se aproximava uma cortina de névoa começava a envolver a porta, do quarto do cadáver, era uma névoa fina parecendo aquela de gelo seco.
Eu sabia que aquilo era estranho, mas relevei, os passos ficaram mais altos, a névoa já cobria meus pés, o mundo parecia ficar mais frio, aquilo parecia um presságio, algo ruim iria acontecer e eu ia acabar sofrendo com isso.
— Em que você estava bisbilhotando? — era Marlene, ela carregava uma faca daquelas de açougueiro em uma mão e um martelo de amassar carne no outro. A palavra “Fudeu” não saia da minha cabeça.
— Você é um deles, não vou deixar você fugir com elas, elas são minhas — enquanto ela falava o martelo batia na mesa a centímetros da minha mão — eu vou te matar, pobre garoto.
Ela desceu o martelo com uma força absurda, desviei e vi um buraco abrir na cadeira, ela virou a faca cortando superficialmente meu braço, não saiu sangue, mas rasgou a minha blusa. Ela parecia preparada, não abria brechas, antes de eu conseguir atacá-la ela batia em mim com aquele martelo, mas por mais que ela batesse meus ossos não quebravam. A névoa agora chegava aos meus ombros, eu sabia que se continuasse assim eu não conseguiria enxergá-la. Minha única esperança era tentar apodrecer as coisas, como eu havia feito em algumas outras ocasiões, mas isso tinha um problema, como eu ia fazer isso. Procurei no fundo da minha mente algo que me fizesse usar esse poder, mas nada, estava perdendo o foco da luta, meu braço agora estava com vários cortes e ela preparava uma martelada bem na minha cabeça. Tentei escapar, mas já era tarde, o martelo atingiu em cheio a minha cabeça, eu tombei para o lado, e desmaiei.
Acordei e estava em uma sala, estava em perfeito estado, logo a minha frente se encontravam duas pessoas, um casal para ser mais especifico. Ambos tinham cabelos castanhos e olhos verdes, eles apontaram para mim e murmuraram palavras sem sentido. Olhei para a minha mão e vi que agora usava uma luva, uma luva negra com desenhos tribais, uma pequena pedra negra se encontrava no centro da minha mão. O casal começou a desaparecer, tentei andar em direção a eles, mas quanto mais perto eu chegava mais eles iam desaparecendo. Eles sorriram e desapareceram em uma chuva de pó.
Tudo se escurecia de novo, Tabatha estava no meu lado, ela sorria e tentava falar algo comigo, mas suas palavras não tinham sentido, por mais que eu prestasse atenção era como se eu não ouvisse nada. O mundo começava a clarear, estava em um quarto, um cadáver me olhava atentamente, era a irmã de Tabatha, isso só podia significar uma coisa, estava no quarto do primeiro andar. Olhei a minha volta e vi que estava em um tanque de formol, não me pergunte por que eu não sentia nada, ou como eu conseguia respirar, eu simplesmente conseguia, olhei para minha mão e vi que usava as luvas do meu sonho, tentei dar um soco no vidro, no momento em que eu toquei nele o vidro explodiu, uma explosão sem som, mas com muita bagunça. Formol inundava todo o quarto, a irmã da Tabatha continuava a olhar para mim em silêncio, eu sabia que ela não podia falar nada, mas porque ela tinha que me olhar e me seguir?
Olhava em volta procurando um interruptor estava perto da porta, fui em direção a ela e liguei o interruptor, acreditem todos, o lugar era assustador, tinha sangue em todos os lados, as paredes estavam desbotadas, os brinquedos estavam cheios de poeira e teias de aranhas e no centro do quarto estavam dois tanques grandes. Fui em direção aos tanques, já pensava o que era, mas aquilo era errado, abri os tanques e lá estavam as duas pequenas garotas olhando em minha direção como se me seguissem aquilo era assustador, se já não bastasse o fato delas realmente estarem me seguindo, ver as duas mortas lá olhando fixamente para mim não era algo recomendável.
Comecei a fechar os tanques novamente quando ouvi uma fina voz atrás de mim, era Marlene ela estava assustada, como se estivesse vendo um fantasma, mas eu acho que depois de matar uma pessoa e colocá-la em um tanque de formol você não espera que essa pessoa comece a andar de novo.
— O que aconteceu com elas? — perguntei.
— Eu as matei — ela era fria em sua voz — peguei uma arma e atirei nelas e no meu marido — ela começou a ficar tensa — não podia deixar que o pai delas fizesse o que ele fez comigo, não podia deixar duas crianças serem violadas dessa maneira — ela começava a chorar — então roubei o revolver dele, coloquei o silenciador, e atirei nos três, mas não conseguia viver sem elas.
— Ai colocou as duas em formol.
— Exatamente, era minha única escolha.
— Você poderia não ter matado elas 
Ela riu, parecia que eu estava fazendo uma piada, sua risada era assustadora, sua voz fina apenas deixava mais horripilante. Ela veio em minha direção, com a faca em mãos, ela estava mais devagar, ou eu estava mais rápido, não tinha certeza, mesmo ela mais devagar ela ainda era perigosa com aquela faca. Comecei a pensar como era injusto o fato dela ter uma faca e eu nada, nesse momento a pedra da minha luva começou a brilhar, e uma pequena faca apareceu em minha mão, ela tinha um cabo negro e uma lamina vermelho sangue, ela brilhava de forma assustadora como se quisesse matar a primeira pessoa que a tocasse. Abaixei e enfiei a faca um pouco abaixo do coração dela, ela se assustou e deu um passo para trás, olhei espantado, o corpo dela começava a desintegrar como poeira. Encostei-me à parede, estava cansado, não conseguia me concentrar e a faca na minha mão começava a desintegrar. A mulher a minha frente estava viva, mas muito ferida, a pele estava podre no lugar onde eu tinha cortado.
A mulher agora gritava de dor, sai do quarto e liguei para a polícia, não queria matá-la, na verdade queria que ela fosse culpada justamente (ou não), a irmã de Tabatha olhava fixamente para mim sorrindo, ela sabia que eu estava fazendo a coisa certa.
Tudo ao meu redor começou a ficar em preto e branco, na minha frente aparecia Tabatha, ela radiava felicidade, sua irmã estava lá também sorrindo.
— Obrigada, agora você tem que cuidar do assassino da Margaret — Tabatha mal agüentava de tanta felicidade — só quando você ajudá-la nós poderemos ser julgadas.
— Você não ia me dar uma informação sobre mim?
— Só depois de você ajudar a Margaret.
Suspirei, tudo voltava a ter cor e ambas as garotas agora brincavam felizes enquanto desapareciam, tinha que descobrir o assassino de Margaret, mas antes tinha que sair de lá, tinha que fugir antes dos policiais chegarem.
Pulei pela janela, ignorei a cerca viva e atravessei, logo estava fora daquela casa infernal inundada de formol, percebi que a parte da cerca viva que eu tinha passado começava a murchar e morrer. Olhei para minha mão, as luvas ainda estavam lá. Seja o que for aquela luva salvou minha vida, tinha quase certeza que eram meus pais naquela sala escura, mas agora não era hora de pensar, era hora de correr. Escondi debaixo de uma ponte a três quadras de lá, no momento em que cheguei lá ouvi varia viaturas indo em direção a casa.

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